Na escuridão, já não reconheço-te mais
Teus contornos se misturam com a imensidão do nada
Já não consigo mais sentir a tua presença
Tua voz cala-se
Já não há você aqui
O véu da escuridão baixou em mim e você em algum momento se perdeu
Ou me perdeu
As pegadas deixadas no passado se apagaram
O mar da desilusão invadiu a areia dos meu sonhos onde você se encontrava
Pobre de Ti
Achou que sua luz brilharia eternamente sem ao menos conhecer a escuridão
Achou que eu acalentaria todos os seus prazeres fúteis em troca de uma fresta de luz
Nada era mais prazeroso do que ver-te brilhar, iluminar toda a minha escuridão
Mas você não soube manter a chama acesa
Pobre de Mim
Que acreditei que só o seu brilho bastaria
Que só o seu olhar me acalmaria
Que a minha escuridão findaria com a sua luz e seríamos Sol, Estrela Cadente, Lua
Ah! Pobre de Nós
Nossa missão não foi cumprida
Não fomos suficientemente fortes para ultrapassar nossos limites e fundirmos - eu, a escuridão; você, a luz
Cada um em seu limite, cada um em seu tempo, cada um em sua forma e cada um por si
Simplesmente não houve nós
Hoje, lembro-me de você como um pequeno raio de luz que atravessa a fresta da janela e apenas se esvai em meio a escuridão
Seu brilho ficou do lado de fora do manto que me recobre
E eu - escuridão - já não percebo o quanto você brilhou em mim...
(Ana Silva)
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